Lula Apela a Macron por Acordo Mercosul-UE e Anuncia US$ 100 Bilhões em Investimentos Franceses no Brasil

Lula e Macron Mercosul
Lula e Macron Mercosul

Em Paris, presidente brasileiro critica baixo volume comercial, cobra “coração aberto” da França para destravar o pacto e posiciona o acordo como uma resposta ao protecionismo e uma afirmação do multilateralismo.

Em um apelo direto e pessoal ao presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o líder francês “abra seu coração ao Brasil” e ajude a destravar a ratificação do histórico acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). A declaração foi o ponto alto de uma coletiva de imprensa em Paris, neste sábado, 7 de junho, ao final de sua visita de Estado ao país.

Lula utilizou a forte relação bilateral como principal argumento para superar o impasse que já dura mais de duas décadas. “A França não tem nenhum melhor amigo na América do Sul que o Brasil, e o Brasil não tem outro melhor amigo na Europa que não seja a França. Por que dois amigos não podem fazer um acordo?”, questionou o presidente. “Se tiver problemas, vamos sentar numa mesa conversar e acabar com isso”.

O Pano de Fundo: Por Que o Acordo Mercosul-UE Está Travado?

O apelo de Lula visa quebrar a principal barreira para a conclusão do acordo: a resistência da França. Embora o pacto tenha sido negociado por mais de 20 anos, líderes franceses, incluindo Macron, têm imposto obstáculos, citando dois pontos principais:

  1. Protecionismo Agrícola: Há uma forte pressão de agricultores franceses, que temem a concorrência de produtos agropecuários do Mercosul, como carne e soja, caso as tarifas de importação sejam reduzidas.
  2. Questões Ambientais: A França utiliza preocupações com o desmatamento na Amazônia e as políticas ambientais do Brasil como justificativa para adiar a ratificação, exigindo compromissos mais rígidos dos países do Mercosul.

A Vitória Econômica: US$ 100 Bilhões em Investimentos

Apesar do impasse no acordo comercial, a visita de Lula a Paris rendeu um fruto econômico expressivo. O presidente anunciou um compromisso de investimento de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 520 bilhões) por parte das 15 maiores empresas francesas com operações no Brasil, a ser aplicado ao longo dos próximos cinco anos.

“Não sei quanto estou gastando [na viagem], porque não sou eu que cuido disso, mas sei quanto estou levando de volta ao Brasil”, celebrou Lula, enquadrando o resultado como um sucesso para a economia brasileira. “Isso é muito relevante para um país que precisa deixar de ser pequeno e se colocar como grande”.

Crítica à “Vergonha” Comercial e à Postura “Subserviente”

Lula também aproveitou a ocasião para criticar o baixo volume de trocas comerciais entre as duas nações, atualmente na casa de US$ 9 bilhões anuais. Ele classificou o número como uma “vergonha”, dado o potencial econômico de ambos os países.

O presidente defendeu uma mudança de postura do Brasil em suas relações internacionais. “Acho que o Brasil, de vez em quando, se comporta em relação aos países europeus como se fôssemos colonizados ainda e subservientes”, criticou, pedindo uma relação mais altiva e de igual para igual.

Geopolítica: Acordo como Resposta ao Protecionismo

Para Lula, a conclusão do acordo Mercosul-UE transcende o comércio e representa um forte recado geopolítico. Ao mencionar o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, como um símbolo do protecionismo, Lula posicionou o pacto como uma vitória do multilateralismo. “Vamos mostrar que o multilateralismo vai sobreviver”, defendeu.

Após a passagem por Paris, onde teve encontros bilaterais com [link suspeito removido], a agenda internacional do presidente Lula segue para Mônaco e Nice.


Perguntas Frequentes (FAQ) – Acordo Mercosul-UE

1. O que é o acordo Mercosul-UE? É um abrangente tratado de livre-comércio negociado há mais de 20 anos entre os dois blocos econômicos. Seu objetivo é zerar ou reduzir significativamente as tarifas de importação para milhares de produtos, facilitando o comércio de bens, serviços e investimentos.

2. Por que a França tem resistido em assinar o acordo? Os principais motivos são a pressão interna de seus agricultores, que temem a concorrência dos produtos sul-americanos, e as exigências ambientais, especialmente em relação ao desmatamento na Amazônia, usadas como condição para avançar no pacto.

3. O que o Brasil ganha com este acordo? O acordo abriria um dos maiores mercados do mundo para os produtos brasileiros, especialmente os do agronegócio e da indústria, com tarifas menores ou zeradas. Isso poderia aumentar as exportações, gerar empregos e atrair mais investimentos e tecnologia para o país.

4. O que Lula conseguiu de concreto em sua visita à França? O principal resultado econômico anunciado foi o compromisso de investimento de US$ 100 bilhões das 15 maiores empresas francesas no Brasil, a serem aplicados nos próximos cinco anos.

5. O que Lula quis dizer com uma “resposta a Trump”? Ele usou a figura de Trump como um símbolo de políticas protecionistas e isolacionistas. Ao defender o acordo, Lula posiciona o Brasil e a cooperação entre blocos como uma força do multilateralismo, que valoriza o diálogo e as regras comerciais globais.

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