Taxa SELIC: Virada no Mercado Chance de Selic subir para 15% já supera a de manutenção no Copom de Junho

Taxa SELIC Copom Junho
Taxa SELIC Copom Junho

Declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dados fortes da economia americana mudam apostas na B3. Juros futuros e Tesouro Direto já refletem o novo cenário de possível aperto monetário.

O mercado financeiro brasileiro passou por uma reviravolta expressiva nesta semana. Pela primeira vez, a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na sua próxima reunião, marcada para 18 de junho, superou a chance de manutenção da taxa nos atuais 14,75% ao ano.

A mudança de humor, capturada pelos contratos de Opção de Copom negociados na B3, foi consolidada nesta sexta-feira (6). No meio da tarde, os derivativos apontavam uma probabilidade de 62% para uma alta da Selic para 15% ao ano, contra apenas 33% de chance de manutenção. Na véspera, o cenário era o oposto, com 53,2% de probabilidade de estabilidade.

Essa virada é reflexo de uma combinação de fatores internos e externos que aumentaram a percepção de risco e a demanda por juros mais altos no país.

Os Gatilhos da Mudança: Galípolo e o Payroll Americano

Dois eventos principais foram os catalisadores para essa nova precificação do mercado.

1. O Fator Interno: O Tom do Banco Central

Na segunda-feira (2), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, adotou um tom considerado “hawkish” (mais duro e propenso a juros altos) pelo mercado. Ele afirmou que o Copom ainda está discutindo o ciclo de alta, e não um cenário de cortes, o que foi interpretado como um sinal claro de que a porta para um novo aumento está aberta.

“Ganhou força o 25 (pontos-base de aumento da Selic), até pelo tom que o Galípolo vem adotando, de cautela”, avalia Rafael Sueish, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “O sentimento de quem toma risco mudou”, reforça Lais Costa, analista da Empiricus Research.

2. O Fator Externo: A Pressão dos Juros dos EUA

Nesta sexta-feira, o relatório de empregos dos EUA, conhecido como Payroll, mostrou a criação de 139 mil vagas em maio, acima das expectativas. Com mais empregos e salários mais altos, a economia americana segue aquecida, o que diminui a probabilidade de o Federal Reserve (o banco central americano) cortar os juros por lá.

Juros mais altos nos EUA atraem capital global, o que obriga países emergentes como o Brasil a manterem suas taxas também elevadas para continuarem atrativos aos investidores e para conter a alta do dólar.

Como o Mercado Reage na Prática?

A expectativa de juros mais altos já impacta diretamente os investimentos e o câmbio:

  • Tesouro Direto: As taxas dos títulos públicos dispararam. Títulos prefixados no Tesouro Direto voltaram a oferecer rentabilidade superior a 14% ao ano, e os papéis atrelados à inflação (Tesouro IPCA+) pagam juros reais (acima da inflação) de mais de 7% em todos os vencimentos.
  • Dólar: A moeda americana, que havia recuado nos dias anteriores, voltou a subir e ultrapassou a marca de R$ 5,60.
  • Juros Americanos (Treasuries): Os rendimentos dos títulos do tesouro americano também subiram, com o de 10 anos superando 4,49%.

O Debate entre Analistas: Alta ou Manutenção?

Apesar da forte aposta do mercado em uma alta, a decisão não é unânime entre os especialistas. Enquanto a maioria agora vê a alta como o cenário mais provável, casas como a Ativa Investimentos acreditam que o Copom optará pela manutenção.

“Não é o que esperamos, pois acreditamos que o BC já fez o trabalho dele e agora deve esperar os efeitos da política contracionista. Por isso esperamos estabilidade por um período prolongado”, diz o economista Guilherme Silva.


Perguntas Frequentes (FAQ) – Selic e Reunião do Copom

1. O que é o Copom e quando ele se reúne? O Copom (Comitê de Política Monetária) é o órgão do Banco Central que se reúne a cada 45 dias para definir a taxa básica de juros, a Selic. A próxima e aguardada reunião está marcada para os dias 17 e 18 de junho de 2025.

2. Por que a Selic pode subir para 15%? Principalmente por dois motivos: um discurso mais duro e cauteloso do Banco Central brasileiro, sinalizando preocupação com a inflação, e a alta dos juros nos EUA, que pressiona o Brasil a oferecer taxas mais altas para competir pelo capital internacional e controlar o dólar.

3. O que acontece com meus investimentos se a Selic subir? A Renda Fixa pós-fixada (Tesouro Selic, CDBs que pagam 100% do CDI) passa a render mais. Títulos prefixados e atrelados à inflação comprados agora travam uma rentabilidade maior para o futuro. Por outro lado, a Bolsa de Valores tende a sofrer, pois o crédito mais caro dificulta a vida das empresas e os investidores tendem a migrar para a segurança dos juros altos.

4. O que é o “Payroll” e por que ele afeta o Brasil? É o principal relatório de empregos dos Estados Unidos. Dados fortes, como os divulgados, indicam que a economia americana está aquecida. Isso faz com que o banco central americano (o Fed) adie os cortes de juros. Juros altos nos EUA atraem dólares para lá, o que valoriza a moeda americana frente ao real e força o Brasil a manter seus juros competitivos.

5. A alta da Selic em junho é certa? Não. O que mudou foi a probabilidade indicada pelo mercado financeiro com base nas informações disponíveis. A decisão final e soberana é do Copom e só será conhecida no final da tarde do dia 18 de junho.

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